Apresentação
A circulação e as mobilidades na vida contemporânea têm sido dois tópicos centrais de pesquisa em antropologia, cujo foco nas migrações, no transnacionalismo, no cosmopolitismo, na relação entre colonialismo e pós-colonialismo e nas viagens de formas culturais enfatiza os fluxos e as formas interativas de sociabilidades e pertenças. Este enfoque na circulação corresponde igualmente a um crescente interesse na imobilidade, especialmente na produção de lugares e reterritorialização, quer estas impliquem encerramentos geográficos forçados, políticas de autoctonia ou de alterização, ou a produção de categorias de pertença.
O principal objetivo deste grupo de investigação é explorar estes temas através de pesquisas sobre: (a) movimentos de pessoas, com particular ênfase nas migrações internacionais em diferentes espaços e tempos; (b) a relação entre movimentos e reconfigurações de sociabilidades, inter-relações e produção de coletivos; e (c) a articulação entre movimentos de pessoas e fenómenos religiosos. Em cada caso, a ideia central é examinar a dialética entre mobilidades/imobilidades, fluxos/encerramentos e processos de transformação social e cultural.
Esta agenda de pesquisa é desenvolvida em vários contextos, com especial atenção para Portugal, América Latina (especialmente o Brasil) e outros países de língua portuguesa, mas também para o Médio Oriente, Norte de África e Ásia do Sul.
Pretendemos assim contribuir para os debates antropológicos sobre formas de movimento e produção de lugares aprofundando: (a) os diversos regimes de mobilidade em Portugal (imigração e emigração); e (b) o desenvolvimento de vários tipos de transnacionalismo religioso, que articulam pessoas, formas culturais e a imaginação.
É no interior destas problemáticas que procuramos fomentar estudos de continuidade sobre grupos imigrantes em Portugal (remigrações, mobilidade social, novas aspirações e expectativas, etc.); incentivar estudos sobre os mais recentes fluxos emigratórios, especialmente para países de língua portuguesa e para a Europa; finalmente, criar as condições para discussões integradas sobre formas transnacionais de circulação religiosa.
Estas preocupações e abordagens são, sempre que possível, articuladas com outros grupos de pesquisa no âmbito do CRIA, permitindo, assim, abordar temas como o turismo, as políticas públicas sobre migrações e a diversidade religiosa.