Apresentação
A pesquisa do DASE centra-se nas questões ambientais através de uma abordagem aberta que reintegra a natureza e a sociedade como elementos ontológicos indivisíveis. De facto, a antropologia contemporânea propõe a (re)integração ecológica do social. Os interesses de pesquisa sobre as interconexões entre os humanos e os seus ambientes variam desde a compreensão de como caçadores-recolectores mapeiam os seus territórios, aos processos de adaptação às alterações climáticas, ou ao estudo dos movimentos ambientalistas. Sustentabilidade e etnografia são propostas como quadros políticos e metodológicos para salientar as interconexões entre local e global.
O DASE desenvolve projetos de investigação financiados por entidades nacionais e internacionais, públicas e privadas, com e sem fins lucrativos.
Os principais temas de pesquisa são:
- CONSERVAÇÃO da natureza, abrangendo: a descrição e análise de como os atores no terreno integram ou contestam processos de conservação da natureza; uma perspetiva implicada em prol de uma conservação participada e mediadora dos interesses de grupos dependentes de ecossistemas naturais; estudos de caso em projetos de conservação; e uma visão crítica sobre as políticas e ideologias em torno da natureza e da biodiversidade, bem como sobre as políticas de conservação e os processos de comodificação dos recursos naturais.
- SUSTENTABILIDADE, com foco nas conexões entre humanos e meios ambientes, incluindo: as formas de coexistência entre humanos e não-humanos, principalmente primatas e predadores, tendo em atenção memórias, interações, partilha de recursos, mas também a transmissão de doenças zoonóticas; as transformações paisagísticas, especificamente nas Áreas Protegidas e em locais onde existem fontes de energia renováveis e não renováveis, turismo ou património natural; e questões associadas à ecologia política, ao conflito e à apropriação de recursos naturais.
- ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS, com enfoque: nas consequências factuais e percebidas das alterações climáticas e de “desastres ecológicos” (incêndios, secas, inundações), durante e após a sua ocorrência; nos processos de adaptação e resiliência; e nos efeitos das estratégias de mitigação ao nível local.
Os principais terrenos de investigação são contextos europeu (principalmente Portugal) e africano.
A etnografia tem provado ser um método muito sólido para uma aproximação ao quotidiano, logo, para avaliações críticas sobre questões ambientais e de sustentabilidade. Considera-se também a perspetiva aplicada, informada por duas premissas: o conhecimento antropológico deve ser partilhado com o público não-académico para informar políticas ambientais, criando, em simultâneo, diálogos com outros domínios científicos. Assim, advoga-se a interdisciplinaridade em complementaridade ao método etnográfico, enquanto se reforçam as ligações entre a antropologia cultural e a antropologia biológica.