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Onde os humanos e os chimpanzés se encontram: aferindo simpatria em África usando uma abordagem multi-camada

Investigador responsável: Kimberley Hockings

Grupo de investigação: Desafios Ambientais, Sustentabilidade e Etnografia


Palavras-chave

Competição humanos-vida selvagem | Comportamento chimpanzés | Resolução conflitos

Instituição financiadora

Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT)

Parceiros

Oxford Brookes University

Estado

Fechado

Data de início

01-01-2012

Data de fim

31-12-2014

Referência

PTDC/CS-ANT/121124/2010


Abstract

Os ambientes naturais têm testemunhado um aumento da competição entre espécies, sobre recursos naturais limitados (Treves 2008; Fuentes & Wolfe 2002). Em grande medida, isso tem sido devido à exploração e à alteração de habitats naturais, através da expansão das populações humanas. Mesmo espécies ameaçadas, protegidas e icónicas estão a ser progressivamente forçadas a "competir" com as populações humanas por espaço e recursos alimentares, resultando frequentemente em conflito entre ambas as partes, por exemplo pelo acesso a colheitas, e confrontos agressivos (Madden 2004; McLennan 2008; Hockings et al. 2010). O conflito entre humanos e a vida selvagem é um assunto crítico uma vez que compromete as iniciativas de conservação da biodiversidade e ameaça a segurança económica e social das populações rurais (Hill et al. 2002). A necessidade urgente para conservar espécies à beira da extinção exige a convivência sustentável entre as pessoas e a vida selvagem, excepto nas maiores e mais remotas, áreas protegidas, e isto coloca um dos maiores desafios de conservação do século XXI (Woodroffe et al. 2005). Como tal, as abordagens interdisciplinares são necessárias para informar nossa compreensão das realidades que os humanos e a vida selvagem enfrentam em habitats antropogénicos, e para aferir a sustentabilidade das suas relações (Fuentes & Wolfe 2002). O objectivo principal da pesquisa proposta é elucidar os mecanismos subjacentes que permitem a coexistência, e prever e facilitar a contínua sobrevivência da fauna em ambientes antropogénicos. Esta pesquisa usa análises multi-camadas ao nível do individuo, da comunidade e regional para investigar as interacções entre seres humanos e seus parentes vivos mais próximos, os chimpanzés (Pan troglodytes). Espera-se que espécies tão inteligentes usem sua elevada flexibilidade comportamental e ecológica para explorar e se adaptar a situações imprevisíveis (Reader & Laland 2002), incluindo aquelas trazidas pelos ambientes alterados pelos humanos (Fig. 1). No entanto, o grande tamanho corporal e a lenta taxa de reprodução dos chimpanzés significa que eles são particularmente vulneráveis aos efeitos das actividades e perturbação humanas (Cowlishaw & Dunbar 2000; Kormos et al. 2003). O projecto proposto incorpora nova abordagem ao estudo da simpatria entre humanos e vida selvagem e estenderá significativamente o trabalho anterior para examinar (1) mudanças comportamentais específicas em chimpanzés em resposta aos seres humanos e suas actividades, (2) a sustentabilidade da exploração dos recursos florestais pelos humanos e esta como altera os ambientes físicos dos chimpanzés ao longo do tempo, e (3) como a informação sobre as interacções humanosgrandes símios pode ser modelada por computador para juntar a complexa teia de factores que afectam a coexistência e a presença de chimpanzés em habitats antropogénicos. Em colaboração com o Primate Specialist Group do IUCN, estabeleceremos também um protocolo para a recolha de dados sobre conflitos entre humanos e grandes símios para que comparações significativas e de longo prazo possam ser feitas entre sites. Os chimpanzés são amplamente utilizados como uma mega-fauna carismática para a conservação (Plumptre et al. 2010), e este trabalho permitirá conhecer melhor a flexibilidade comportamental e ecológica desta espécies e sua dinâmica com populações humanas vizinhas. Até entendermos as necessidades ecológicas das espécies selvagens em ambientes dominados pelos humanos, incluindo os aspectos da paisagem percepcionada como demasiado "arriscada" para ser utilizada (ex. devido ao risco de encontros hostis com pessoas) respostas às alterações do habitat, é difícil prever o sucesso das estratégias destinadas a minimizar os conflitos com as pessoas, proteger as suas paisagens e salvaguardar o habitat apropriado. Todos os membros do proposto grupo de investigação Português-Reino Unido têm experiência de investigação em comportamento de grandes símios em habitats antropogènicos, em toda a África (incluindo Uganda, Guiné e Guiné-Bissau; Fig. 2) e em percepções e comportamentos da população local direccionados para os grandes símios, o que nos permite abordar as questões centrais. Os dados recolhidos nesta pesquisa informarão especificamente práticas e políticas de gestão da conservação, através do reforço do diálogo entre as diferentes partes interessadas (ex. funcionários do governo, grupos de conservação e população local) e fornecendo um quadro matemático aplicado para, de forma realista, prever as perspectivas futuras de sobrevivência do chimpanzé em ambientes cada vez mais dominados pelo homem. Se os chimpanzés são para continuar a viver lado-a-lado com seus vizinhos humanos, é vital a investigação interdisciplinar que faz avaliações e previsões baseadas em dados sobre o futuro da vida selvagem em habitats antropogénicos.

Equipa

Integrados

Amélia Frazão Moreira

Colaboradores

Hannah Parathian

Matthew McLennan (Oxford Brooks University)