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PASTOPRAXIS - Adaptação local da pastorícia às alterações climáticas no Parque Natural de Montesinho (Portugal)

Investigador responsável: Amélia Frazão Moreira

Investigador co-responsável: Amélia Frazão Moreira

Investigador externo responsável: Marina Castro (Instituto Politécnico de Bragança - Centro de Investigação de Montanha)

Grupo de investigação: Desafios Ambientais, Sustentabilidade e Etnografia


Palavras-chave

Adaptação às alterações climáticas | Dinâmica da paisagem | Perceções e práticas locais | Pequenos ruminantes

Instituição financiadora

Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT)

Parceiros

Instituto Politécnico de Bragança - Centro de Investigação de Montanha (coord.)

Estado

Fechado

Data de início

01-07-2021

Data de fim

28-02-2025

Referência

MTS/CAC/0028/2020


Abstract

A pastorícia está particularmente exposta às alterações no clima e na paisagem (Scoones1996), o que ameaça a sua viabilidade e a sobrevivência das comunidades pastoris (Godde2020). Contudo, essas comunidades já estão adaptando suas práticas para garantir a continuidade de sua atividade (Menghistu2020; Yu2016). O Parque Natural de Montesinho (PNM) situa-se numa região histórica de pastorícia, particularmente de pequenos ruminantes (Honrado2017). A área do PNM conta com 47 rebanhos em atividade de raças autóctones de pequenos ruminantes, representando um total de 4.290 fêmeas oficialmente inscritas nos livros genealógicos das respectivas associações de criadores. A pastorícia de caprinos e ovinos provê proteína animal para a alimentação local (Honrado2017), contribui para a gestão ambiental da paisagem e para a manutenção de população em áreas de forte emigração (Castro2020), e representa uma identidade cultural da região do PNM (Dias1953). Embora as recentes previsões climáticas sustentem que a temperatura do PNM subirá progressivamente 4 graus até o final deste século (segundo o portaldoclima.pt), a literatura científica carece de referências sobre a adaptação atual dos pastores de pequenos ruminantes às mudanças climáticas no PNM. Essa proposta visa suprir essa lacuna. Contudo, as respostas adaptativas locais resultam não apenas da evolução atestada do clima, mas dependem das percepções individuais e coletivas sobre essas evoluções (Ingold2000; Mathur2015; Selin2011; Zhao2016). O seu estudo demanda portanto um esforço multidisciplinar que combina as abordagens e metodologias das ciências naturais e das sociais. Nesse sentido e no intuito de fortalecer a cooperação e as sinergias entre as ciências naturais e a antropologia ambiental em Portugal, esta proposta conta com o apoio de uma equipa de investigação com formação nas áreas florestais, zootécnicas e antropológicas. O objetivo principal da proposta é estudar as respostas adaptativas locais da pastorícia aos efeitos das alterações climáticas no PNM a partir da dupla perspectiva biofísica e sociocultural. Em última instância, esta proposta visa a expandir a base de conhecimento para melhorar as respostas científicas, institucionais e profissionais às alterações climáticas nas áreas de montanha do mediterrâneo, através da produção de conhecimento operacional e de ferramentas a serem integrados em planos de respostas. Nesse sentido, o PNM parece ser um local apropriado para esta pesquisa. Ele concentra uma paisagem rica e diversa (Castro2010) e os efeitos das alterações climáticas tendem a ser especialmente visíveis em áreas montanhosas remotas desafiando comunidades locais que vivem da terra e da natureza (Mathur2015). A pesquisa será voluntariamente restrita às raças autóctones de ovinos (ou seja, a Churra Galega Bragançana Branca e a Preta) e caprinos (ou seja, a Preta de Montesinho) do PNM e terá os percursos de pastoreio como locus principal. Enquanto raças autóctones tendem a ser geneticamente mais entrelaçadas com o ambiente local (Bertaglia2007) e culturalmente mais entrelaçadas com as tradições e identidades locais (Hadjigeorgiou2011), os percursos de pastoreio constituem o principal vetor de interação das dimensões sociocultural e biofísica da pastorícia (Gooch2016). Um conjunto de tarefas entrelaçadas é proposto pela equipe. As tarefas se dividem em coleta e sistematização de dados documentais e de campo, nos dois primeiros anos, e em análise dos resultados, preparação e disseminação de produtos científicos, informativos e de capacitação, no último ano. Mais precisamente, estão previstas 5 tarefas: (i) a monitorização da evolução da paisagem, (ii) uma etnografia itinerante; (iii) um mapeamento dos percursos de pastoreio; (iv) a análise interdisciplinar dos resultados biofísicos e culturais; (v) a expansão da base de conhecimento. A tarefa de expansão da base de conhecimento representa um elemento particularmente importante do projeto. A ambição da equipe não reside apenas na contribuição para o avanço do conhecimento científico sobre as respostas adaptativas locais da pastorícia às alterações climáticas (por meio de artigos científicos e do legado de uma plataforma webGIS), mas também no desejo de equipar os profissionais e decisores com ferramentas de conhecimento adequadas para implementar mudanças e garantir a continuidade da pastorícia de montanha, notadamente em climas mediterrânicos. Assim, os resultados da pesquisa beneficiarão primeiro de uma revisão comunitária para aumentar o sentimento de apropriação por parte da comunidade e garantir uma adequação às necessidades dos profissionais. Em seguida, diferentes produtos de conhecimentos serão produzidos para diferentes audiências (científica, política, profissional e público em geral) e publicados e disseminados em regimes de open access. As associações de criadores parceiras do projeto também participarão no esforço de disseminação aos profissionais.

Equipa

José Castro (Instituto Politécnico de Bragança - Centro de Investigação de Montanha)

Colaboradores

João Amieira

João Castro (Instituto Politécnico de Bragança - Centro de Investigação de Montanha)