Sessão #4 | Racismo, Género e Memória
Oradoras
Jovita Pinto (CRIA-ISCTE, Universidade de Berna)
Carla Fernandes (Afrolis - Associação Cultural)
Tathiane Mattos (CRIA-ISCTE, INMUNE )
Moderadora: Inês Lourenço (CRIA-ISCTE)
Nesta quarta sessão propõe-se realizar uma reflexão em torno de questões de memória pública, raça e género. Olhando para a articulação entre os processos de racialização e o género feminino na Europa, pretende-se refletir sobre a história e a memória e sobre o modo como estas contribuíram para a construção de memórias coletivas parciais e de políticas da ausência.
Notas biográficas
Jovita dos Santos Pinto fez uma licenciatura em História Contemporânea e Antropologia Cultural na Universidade de Zurique. Foi investigadora no Centro Iinterdisciplinar de Estudos de Género da Universidade de Berna com foco em estudos póscoloniais, estudos interseccionais e teorias feministas de 2015 a 2020. Escreveu uma tese de doutoramento sobre mulheres negras no espaço público póscolonial suiço, para o qual criou a plataforma histnoire.ch. Co-editou a edição especial "Contesting Whiteness at its intersections" do Dutch Journal for Gender Studies em 2018 e co-publicou o artigo "Baldwin's Transatlantic Reverberations between "Stranger in the Village" and I Am Not Your Negro" na James Baldwin Review em 2020. Em 2019 fez parte da equipa organizadora do Afroeuropean's Studies Conference no ISCTE, em Lisboa. Jovita dos Santos Pinto é doutoranda visitante no CRIA no atual semestre.
Carla Fernandes nasceu em Angola e cresceu em Portugal. É tradutora, jornalista e ativista cultural. Integrou a equipa editorial de português para África da Rádio Deutsche Welle (208-2013) e coordenou a produção de radionovelas educativas em Moçambique. Em 2014, criou o podcast Rádio Afrolis, dedicado à partilha e divulgação de narrativas de afrodescendentes e, em 2016, fundou a Afrolis – Associação Cultural com o mesmo fim. A co-autora e organizadora da coletânea de poesia "Djidiu a Herança do Ouvido", publicada em 2018, frequenta, atualmente, o programa de doutoramento em Media e Sociedade no Contexto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa da Universidade Autónoma de Lisboa, tendo também uma licenciatura em Tradução das línguas inglesa e alemã (Universidade de Lisboa) e um mestrado em Comunicação Cultura e Tecnologias da Informação (ISCTE-IUL).
Tathiane Mattos iniciou o doutoramento em antropologia pelo Departamento de Antropologia do Instituto Universitário de Lisboa-ISCTE (2017) que neste momento encontra-se trancado a espera de financiamento. Mestre em teatro pelo Instituto Politécnico de Lisboa (2016) e licenciada em serviço social pela Universidade Federal Fluminense (2009). Tem experiência na área das artes cénicas e ciências sociais, serviço social, tanto como orientadora institucional a nível de licenciatura, como técnica superior em trabalhos realizados junto a população sénior e às pessoas em situação de sem-abrigo (centro emergencial para pessoas em situação de sem abrigo - COVID-19). Nos últimos anos tem vindo a trabalhar e investigar questões de género, racialidade e comunidades minoritárias. Tem especial interesse em teorias decoloniais e feminismos. O atual projeto de doutoramento se debruça sobre as contribuições dos feminismos afrodiaspóricos em associações feministas negras e anti-racistas em Lisboa. É integrante do INMUNE - Instituto da Mulher Negra em Portugal.
------
Com o Seminário “Racismo em Portugal” o CRIA pretende debater o racismo no contexto português, interrogando a produção e negociação de categorias identitárias, de processos de racialização e de construção de narrativas sobre a nação e o império. Assim como a construção do “Outro”, o racismo institucional e estrutural da sociedade portuguesa e suas ações discriminatórias.
Pretende igualmente promover a criação de espaços de discussão e de interpelação sobre a produção e implementação de políticas públicas que incidam sobre a questão do racismo ea conceptualizem de forma intersecional, articuladas com formas de desigualdade social e de género, entre outras. E refletir sobre as narrativas que menosprezam o papel de Portugal quer no tráfico de pessoas escravizadas, quer no racismo estrutural do projeto colonial; no modo como as continuidades desta opressão e discriminação históricas perduram na sociedade contemporânea, e se manifestam de uma forma institucionalizada, trazendo à discussão a atemporalidade do racismo quotidiano, como sugeria Grada Kilomba.
O Seminário promoverá debates alargados e transversais, cruzando as discussões que remetem para temáticas como educação e práticas pedagógicas, a devolução de património musealizado, práticas racistas perpetuadas por agentes do Estado, conteúdos curriculares na área do ensino ou a representatividade em órgãos de gestão do Estado.
* devido à actual situação pandémica, as primeiras sessões do Seminário decorrerão em formato webinar.
>> Para aceder à transmissão Zoom, preencha o formulário de inscrição AQUI.
>> O seminário será transmitido em livestreaming no Canal de Antropologia AQUI.