O Paganismo Contemporâneo é um movimento religioso e espiritual heterogéneo com correntes, tradições, grupos e pessoas que procuram reavivar antigas tradições europeias pré-cristãs, adaptando-as ao contexto atual, e que tem como princípios centrais o entendimento da natureza enquanto sagrada, do divino como masculino e feminino, o uso do ritual, mito e magia criativamente. Celebrar os ciclos naturais e sazonais, e ritualizar as suas experiências pessoais para fins de cura, empoderamento e transformação são momentos chave na sua vivência espiritual e religiosa.
Realizar uma investigação no seio destes movimentos, ricos na experiência sensorial, emocional e corporal, implica então a imersão e a vivência plena destas experiências para compreender empaticamente o que está a ser partilhado no diálogo etnográfico. A auto-etnografia é um método privilegiado para aceder a esta dimensão, já que coloca o foco na experiência pessoal da etnógrafa para compreender o que está a ser partilhado, com e por ela.
Nesta roda, à semelhança do que acontece no círculo ritual, serão partilhadas reflexões sobre como é realizar trabalho etnográfico com estes grupos; a importância da dimensão sensorial, emocional e corporal para compreender e os impactos que esta tem na investigadora; e como a auto-etnografia, como método de pesquisa, permite enquadrar estas dimensões.