Este encontro irá decorrer em formato híbrido, online e presencial, nos dias 11 e 12 abril 2024 em Lisboa, e no dia 19 abril 2024 em Coimbra, este último dia dedicado a outros formatos além dos convencionais. Os links de acesso às sessões estão disponíveis no Programa Completo em formato PDF.
O capitalismo levou à expropriação, privatização e sobre-exploração de terras, recursos, sistemas de governança e outros bens comuns, gerando dinâmicas de exploração, opressão e exclusão. Hoje, perante o agravamento da crise ecológica, que se sobrepõe a crises de cariz socioeconómico, o poder hegemónico avança com intervenções extrativistas por diferentes territórios, apresentadas como solução para um futuro dito mais sustentável e verde. Em resposta a tais ameaças, as comunidades que neles habitam organizam-se, mobilizam-se, resistem e recriam projetos autónomos e solidários em torno da defesa dos comuns - seja a terra, a água, a energia, os meios de produção, o conhecimento, entre muitos outros - por um futuro mais justo. As lutas em torno dos comuns e as múltiplas formas e práticas de defesa e emergência de ‘velhos’ e ‘novos’ comuns são uma janela aberta para pensar e reimaginar outros futuros possíveis e necessários, pela vida, justiça, dignidade e alegria.
Enquanto a hegemonia neoliberal promove processos de privatização e coerção económica que ameaçam a existência dos comuns, designadamente em períodos de crise económica e social, observa-se uma reinvenção e surgimento de novos comuns, seja sob a figura de associações e cooperativas, seja de maneira mais informal, por via de hortas comunitárias, edifícios ocupados ou a recuperação de conhecimentos e práticas para o cuidado coletivo de rios, canais, bacias, solos e outros bens comuns. Aproximando-se a celebração dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, um período em que a revolta popular das e dos que não tinham voz se fez ouvir e que foi marcado por inúmeros processos e experiências de emancipação social, como a ocupação de fábricas e herdades e iniciativas coletivas de auto-gestão, assim como a conquista de vários direitos sociais e políticos em torno da habitação, da saúde, do trabalho, entre outros, é oportuno refletir sobre quais as ameaças, resistências e emergências que os comuns enfrentam hoje e sobre que inspirações- podem estes patrimónios de luta e as suas heranças trazer às lutas atuais.
Este terceiro encontro de Ecologia Política tem como objetivo explorar as diversas abordagens ao conceito e à prática dos "comuns" (commons) e dos processos de fazer-em-comum (comunalização). Queremos prestar especial atenção às diversas ameaças que se colocam à própria possibilidade de fazer-em-comum e de recriar os comuns, assim como às respostas que emergem para que estes continuem a existir e a ser forjados no mundo contemporâneo, questionando-nos sobre o seu significado político, social, económico e ecológico, designadamente sobre s seus contributos para a construção de mundos mais justos. Num formato renovado, que visa incluir mais parceiros e uma diversidade de formas de sentir-pensar além da tradicional conferência académica, este terceiro Encontro almeja ainda ser um primeiro passo na criação de uma Rede de Ecologia Política em Portugal, fomentando a convergência de académicos e ativistas que orientam a sua ação em torno de um horizonte de emancipação social e de defesa das bases ecológicas e sociais da vida.
PROGRAMA COMPLETO [PDF]
Livro de Resumos [PDF]