Com o intuito de celebrar os 50 anos das Independências Africanas e assinalar o Mês da Consciência Negra, o Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA) organiza, no próximo mês de novembro, um ciclo de iniciativas sob o mote: “LIBERTAÇÃO, INDEPENDÊNCIAS: DESCOLONIZAÇÃO?”.
O ciclo centra-se num conjunto de itinerários e debates em torno da história colonial portuguesa e dos processos de libertação nacional africanos, inquirindo os seus desdobramentos, heranças e legados contemporâneos, e convocando pessoas, pesquisas e experiências comprometidas com a necessidade de descolonização cultural da sociedade e cultura portuguesas.
A primeira iniciativa realiza-se no dia 15 de novembro (sábado), das 13h45 às 18h00, sob o tema: “Noz Stória: Memórias e vivências da presença negra nos bairros autoconstruídos e periféricos da Área Metropolitana de Lisboa”. Consiste numa visita guiada conduzida por José Baessa de Pina, Sinho, que percorre a história e memória da presença negra nos bairros autoconstruídos da Estrada Militar de Lisboa. A visita evoca uma história comunitária que ilustra as reconfigurações das lógicas coloniais no racismo contemporâneo e as suas repercussões no território, mas também as memórias afetivas e as trajetórias de resistência, solidariedade face à violência e à estigmatização destas comunidades e territórios.
A visita tem número máximo de 25 participantes e as inscrições podem ser feitas aqui: LINK
O ponto de encontro é às 13h45 nas Portas de Benfica, seguindo-se uma visita que termina na Associação Cavaleiros de São Brás (Rua Jacinto Baptista, 4A, São Brás, Amadora), onde terá lugar um convívio e uma conversa com o próprio José Baessa de Pina, a antropóloga e investigadora Ana Rita Alves (CES UC), a realizadora Maíra Zenun (Nêga Filmes) e o investigador Paulo Raposo (CRIA/ISCTE).
O ciclo prossegue no dia 22 de novembro (sábado), às 10h30, com uma visita coletiva à exposição “Antes de ser independência foi luta de libertação”, patente no Museu do Aljube, em Lisboa. A exposição celebra os 50 anos das independências africanas, refletindo sobre as histórias dos movimentos de libertação e as múltiplas lutas contra o colonialismo, através do arquivo do museu. Conta com curadoria de Rita Rato e textos de Aurora Almada, Victor Barros, Kitty Furtado e Miguel de Barros. A visita termina com uma conversa com Djuzé Neves (Batoto Yetu), Margarida Semedo (Coletivo Tributo aos Ancestrais PT) e Angélica Vedana (CRIA NOVA FCSH/IN2PAST).
O ciclo encerra no dia 28 de novembro (quinta-feira) com uma roda de conversa em torno do tema “Como descolonizar os currículos e a pesquisa? Experiências, obstáculos e possibilidades”. A sessão propõe o diálogo entre diferentes perspetivas e experiências de pessoas que, em distintos contextos de educação, formação e investigação, procuram refletir sobre como o debate em torno da descolonização se pode traduzir nas práticas pedagógicas, científicas e educativas mais inclusivas
A conversa decorre às 17h30, no ISCTE, com a participação de Ariana Furtado (professora do ensino básico), Iolanda Évora (Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento, Universidade de Lisboa), Rita Cássia Silva (antropóloga, artista e arte-educadora), Max Rúben Ramos (antropólogo e investigador), Marta Pinto Machado (artista, fotógrafa e investigadora no IHC/IN2PAST) e Miguel Vale de Almeida (CRIA ISCTE). A moderação estará a cargo de João Mineiro (CRIA ISCTE / IN2PAST).
O programa é organizado pelo Grupo de Investigação em Práticas e Políticas da Cultura do CRIA. A comissão organizadora é constituída por João Mineiro (CRIA ISCTE / IN2PAST), Angélica Vedana (CRIA NOVA FCSH / IN2PAST) e Paulo Raposo (CRIA ISCTE / IN2PAST).