Nas últimas décadas, a ecologia política emergiu como uma estimulante abordagem interdisciplinar que, embora fuja a rígidas definições, se poderia caraterizar como uma forma de olhar as interligações entre sociedade e ambiente do ponto de vista das relações de poder que contribuem para as definições e reproduções dos desequilíbrios socio-ecológicos. Desta maneira, a ecologia política afirmou-se como possibilidade de compreender a dimensão situada da relação humano- ambiente dentro da complexidade de interação entre escalas diferentes dos processos económicos, dos constrangimentos ecológicos e da reprodução das desigualdades. Neste sentido, surgiu como uma perspetiva útil não apenas para pensar a dimensão política da ecologia, mas também para pensar a dimensão ecológica de fenómenos sociais, culturais e políticos distintos, bem como (e mais ainda hoje) para analisar as formas da vida económica.
Um mapeamento dos usos e cruzamentos temáticos da ecologia política revelaria um leque muito amplo e rico de maneiras diferentes de a conceber e praticar, salientando uma grande articulação na capacidade de ler as transformações socioambientais desde temas e posicionamentos diferentes. Além da riqueza de temas e trajetórias, a ecologia política teve ainda uma importante gestação entre diferentes tradições intelectuais, académicas, políticas, culturais e linguísticas que a tornam também um estimulante experimento “plural”, bem como um campo desafiador de cruzamentos e fricções.
Neste seminário, vamos debater diferentes trajetórias de investigação dentro um enquadramento comum, tendo como foco privilegiado a interseção entre as dimensões ecológica e política num amplo leque de temáticas, problemas e metodologias.
Encontro co-organizado pelos grupos de investigação do CRIA:
Comissão organizadora: