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A partir de uma etnografia multissensorial (Elias 2019) e multissituada espacial e temporalmente na comunidade Caxinas (Vila do Conde) e no Museu Marítimo de Ílhavo (MMI), a investigação parte do pressuposto de que os habitantes da comunidade piscatória promovem uma construção mental de um museu do mar – reivindicado por parte da população desde o encerramento das atividades do antigo Museu do Mar das Caxinas, no final da década de 1990 –, construção esta influenciada, principalmente, pelo MMI e pelo extinto museu, cuja documentação e espólio, que também serão analisados, permitem a sua compreensão enquanto um museu-arquivo. Pretende-se, assim, realizar uma reflexão sobre as ansiedades contemporâneas pela preservação das culturas bem como identificar os agentes que operam, nas Caxinas, na produção discursiva de uma cultura marítima local (Ortner 2006; Yúdice 2006), na reivindicação pela salvaguarda da mesma e nos significados dados a objetos materiais representativos desta cultura, seguindo a crítica representacional de Macdonald (2006). A partir das múltiplas práticas de exposição do “património marítimo” das Caxinas identificadas em terreno, ampliar-se-á a discussão sobre a definição oficial de “museu” (ICOM 2022), sobre a prática patrimonial e sobre a possibilidade de uma curadoria partilhada no que toca a relação entre museus e o Património Cultural Imaterial.

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