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Castelos a bombordo II: Práticas e retóricas da monumentalização do passado português, cooperação cultural e turismo em contextos africanos

Investigador responsável: Maria Cardeira da Silva

Grupo de investigação: Circulação e Produção de Lugares


Palavras-chave

Turismo | Patrimonialização | Política cultural e cooperação

Instituição financiadora

Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT)

Parceiros

Fundação da Universidade de Lisboa (FUL/UL); UAlg - Escola Superior de Gestão Hotelaria e Turismo (ESGHT/UAlg); NOVA FCSH

Estado

Fechado

Data de início

01-10-2007

Data de fim

30-09-2011

Referência

PTDC/ANT/67235/2006


Abstract

Na sequência de anterior projecto financiado pela FCT, cujos terrenos em análise se circunscreviam apenas a alguns países árabes e islâmicos (Castelos a bombordo: práticas de monumentalização do passado e discursos de cooperação cultural entre Portugal e os países árabes e islâmicos, ver http://gigaroz.hartserver.com/pytw4/), este projecto pretende alargar a outros países africanos a análise das práticas de cooperação cultural portuguesa e patrimonialização e as implicações dos processos de turistificação que a elas estão associados. Neste segundo momento pretende-se retomar algumas das investigações precedentes que envolviam projectos de recuperação das fortalezas ou outras edificações portuguesas - Arzila, Azzamor, AlJadida em Marrocos, Uadane e Parque Nacional do Banco de Arguim na Mauritânia - e acrescentar-lhe outros sítios que, por razões reveladas pelas investigações prévias e por recentes desenvolvimentos dos fluxos turísticos e das práticas de monumentalização, se adivinham merecedores de análise concomitante e, nalguns casos, comparativa: Reserva da Biosfera do Arquipélago Bolama-Bijagós (Bolama com candidatura a Património Mundial da Humanidade) e Cacheu (em processo de reabilitação patrimonial e turístico) na República da Guiné Bissau; Ilha de Goré no Senegal e Forte da Mina no Gana (ambos já classificados como Património Mundial pela UNESCO); um estudo preliminar sobre a Ilha de Moçambique (Património Mundial da UNESCO desde 1991), será também incluído. Para isso continuarão a ser analisadas: a) as fontes coevas dos períodos de presença portuguesa e a produção académica produzida sobre as mesmas pelos parceiros em causa; b) a documentação oficial dos protocolos vigentes de cooperação relativos ao processo de patrimonialização em curso em cada um dos países (análise de conteúdo e evolutiva e enquadramento nas políticas gerais de cooperação bilateral); c) os discursos regionais - académicos, de cobertura mediática e outros - relativos à implementação ou à retórica dos mesmos protocolos (análise de textos publicados, entrevistas abertas a autores, agentes locais governamentais e não governamentais); d) desta vez com maior incidência, os processos turísticos paralelos à patrimonialização (apreciação in loco dos mesmos e suas implicações sócio-culturais, análise da utilização política dos media turísticos como meio promocional da patrimonialização e identificação; especial incidência é colocada nas performances turísticas, particularmente as que respeitam o turismo de «raízes» no Gana e no Senegal (visitas guiadas a antigas casas escravos que atraem turismo diaspórico afro-americano); e) uma investigação inédita relativa ao turismo durante o período colonial através de levantamento arquivístico de documentação promocional e outra, particularmente, para os casos de Cabo Verde e de Moçambique; f) um estudo comparativo dos impactos sociais e culturais do eco-turismo junto das populações piscatórias locais para o arquipélago dos Bijagós e do parque Nacional do Banco de Arguim (Bijagós e Imraguen). Idênticas preocupações comparativas marcam as análises incidentes sobre as questões de género e turismo entre os contextos islamizados (Marrocos, Mauritânia e Ilha de Moçambique). Estas investigações permitirão uma análise das configurações étnicas e nacionais encenadas com base nas novas figurações identitárias (do que é português, árabe, muçulmano, africano, diaspórico, nacional) construídas em parceria através de processos da arqueologia e da patrimonialização espoletados pelas práticas actuais de cooperação e diplomacia e/ou lubrificadas pelo turismo internacional. Isso permitirá a objectivação dos discursos hegemónicos, frequentemente assente em conceitos constituintes como o de «partilha histórica» que por vezes parece empenhado em obliterar distâncias históricas e culturais outrora pertinentes, mas agora tacticamente submergidas pela monumentalização imponente de um «passado partilhado». Acompanhar-se-á a apropriação ou contestação desses discursos nas estratégias de negociação de identidades sociais e culturais a nível regional e nacional. Mas, à escala local, tentar-se-á entender a gestão quotidiana dos novos recursos que o turismo e o património disponibilizam em contextos de pobreza, e o modo como isso é determinado por - e afecta - normas e categorizações sociais prévias. Eminentemente antropológico o projecto tem, contudo, uma abordagem multidisciplinar, aliando à Antropologia a História e a Geografia. Representa um importante passo no sentido da análise crítica das políticas de cooperação cultural portuguesas com os países com quem manteve relações históricas e permitirá monitorizar os seus efeitos sociais e culturais. Nesse sentido, recupera uma valência cosmopolita crítica da Antropologia, colocando-a ao serviço das relações internacionais, do turismo e da cooperação para o desenvolvimento, abrindo espaço à participação de jovens investigadores num registo em que, em Portugal, a importância da disciplina tem sido relativamente ignorada.

Equipa

Integrados

Amélia Frazão Moreira

Integrados

Francisco Freire

Integrados

Joana Lucas

Integrados

Paulo Raposo

Integrados

Raquel Carvalheira