Seminário Racismo em Portugal #7: Aula Aberta com Djuzé Neves
com: Djuzé Neves e Paulo Raposo
Aula Aberta com Djuzé Neves (Batoto Yetu) na Unidade curricular "Colonialismo, Pós colonialismo e Antropologia" da Licenciatura em Antropologia do ISCTE, em colaboração com o Seminário Racismo em Portugal (Grupo CPL CRIA).
Djuzé Neves é licenciado em Engenharia Florestal, tem uma pós-graduação em Protecção Civil (com base num trabalho sobre bairros críticos e a discriminação étnica e social em tempos de emergência), e é vice-presidente da Associação Cultural e Juvenil Batoto Yetu Portugal. Descendente de cabo-verdianos, José Lino Neves tem um importante papel na celebração, partilha e mapeamento da herança africana em Portugal. Esse seu percurso passou pelo Comissariado para as Migrações, onde trabalhou na capacitação, financiamento e análise de projetos e na criação de políticas públicas de combate à discriminação racial, de género, étnica e social. Atualmente, enquanto vice-presidente da Associação Cultural e Juvenil Batoto Yetu Portugal, Djuzé Neves tem trabalhado em diferentes projetos que mantém viva a memória africana da história portuguesa. São exemplo as visitas guiadas pela capital com o título “Espaços da Presença Africana em Lisboa” e a “Caminhada espiritual – Ilha dos Negros”, que recorda os primórdios da presença africana na região do Sado ou ainda o “Fado Dançado”, que traça as influências de culturas mouriscas, angolanas, brasileiras e cabo-verdianas num dos géneros musicais mais célebres de Portugal.
Com o Seminário “Racismo em Portugal” o CRIA pretende debater o racismo no contexto português, interrogando a produção e negociação de categorias identitárias, de processos de racialização e de construção de narrativ8s sobre a nação e o império. Assim como a construção do “Outro”, o racismo institucional e estrutural da sociedade portuguesa e suas ações discriminatórias.
Pretende igualmente promover a criação de espaços de discussão e de interpelação sobre a produção e implementação de políticas públicas que incidam sobre a questão do racismo e a conceptualizem de forma intersecional, articuladas com formas de desigualdade social e de género, entre outras. E refletir sobre as narrativas que menosprezam o papel de Portugal quer no tráfico de pessoas escravizadas, quer no racismo estrutural do projeto colonial; no modo como as continuidades desta opressão e discriminação históricas perduram na sociedade contemporânea, e se manifestam de uma forma institucionalizada, trazendo à discussão a atemporalidade do racismo quotidiano, como sugeria Grada Kilomba.
O Seminário - iniciado em pleno período pandémico - tem promovido debates alargados e transversais, cruzando as discussões que remetem para temáticas como educação e práticas pedagógicas, a devolução de património musealizado, práticas racistas perpetuadas por agentes do Estado, conteúdos curriculares na área do ensino ou a representatividade em órgãos de gestão do Estado.