A carregar

WHAlands – Património baleeiro nas ilhas Atlânticas: América, Açores e Cabo Verde enredados pelo mar (séculos XIX-XXI)

Investigador responsável: Carmo Daun e Lorena

Grupo de investigação: Circulação e Produção de Lugares


Palavras-chave

Classe | Mobilidade | Identidade | Memória social

Instituição financiadora

Fundação para a Ciência e a Tecnologia

Estado

Aberto

Data de início

01-02-2023

Data de fim

31-01-2029

Referência

2022.08152.CEECIND


Abstract

Durante o século XIX, açorianos e cabo-verdianos desempenharam um papel crucial na indústria baleeira americana. Tanto uns, como outros, eram ilhéus e portugueses, embora muito diferentes entre si. Olhar para as semelhanças e diferenças deste coletivo permitirá explorar a articulação entre mobilidades e identidades. Em pleno século XXI, esse passado baleeiro continua presente e ocupa um lugar central na memória coletiva e nos discursos e práticas patrimoniais das ilhas.
O projecto WHAlands integrará esses dois níveis de análise, oferecendo assim uma compreensão multifacetada da baleação. Por um lado, focar-se-á nas vidas, trânsitos e estabelecimentos destes baleeiros no Atlântico Norte, desde o início do século XIX até meados do século XX, período que compreende o auge e o declínio da indústria baleeira americana e durante o qual, quer os cabo-verdianos, quer os açorianos, figuraram entre os seus principais protagonistas. Por outro lado, tratará os processos contemporâneos relacionados com a memória e o património em ambos os arquipélagos, desvendando as formas de apropriação e reconfiguração dessa tradição baleeira, que deixou uma marca permanente nas comunidades marítimas. Considerando que a memória social é sempre parcial e seletiva, o projecto WHAlands examinará os modos como o património é articulado nas inter-relações entre recordação e esquecimento, bem como na construção de identidade. Os atuais processos de patrimonialização da caça à baleia, bastante exponenciados pela indústria turística, são baseados nesse passado. No entanto, o que sobrevive dele são apenas fragmentos, pois o património é a reelaboração do passado no presente. A história baleeira desses dois minúsculos arquipélagos atlânticos (isolados e periféricos, mas cruciais na economia mundial de outrora) pode ser muito elucidativa sobre a interconexão das escalas global e local, revelando as histórias emaranhadas de impérios, nações, sociedades e culturas no mundo atlântico. As circulações marítimas são mais do que experiências transitórias. As viagens oceânicas forjam relações sociais e promovem transferências e conflitos culturais. O mar pode dividir ou unir o mundo, mas constitui também o terreno de novos mundos sociais. E no presente, o mar não só estabelece relações entre pessoas e lugares, como liga estas regiões e gentes aos seus passados. Ao tomar o mar como um campo de investigação privilegiado e como um laboratório de uma nova ordem social através da qual é possível examinar diferentes grupos, relações e processos, o projecto WHAlands pretende chamar a atenção para estes baleeiros portugueses (de origem colonial e metropolitana) e para as suas experiências de mobilidade e fixação, bem como para a persistência desse passado baleeiro no presente. Os principais objetivos desta investigação transnacional e multi-situada são, assim, construir uma história social dos baleeiros atlânticos portugueses e das suas vivências no mar e em terra, e elaborar um estudo etnográfico dos usos actuais deste passado, investigando o património cultural marítimo dos arquipélagos dos Açores e de Cabo Verde.
https://doi.org/10.54499/2022.08152.CEECIND/CP1758/CT0002