Abstract

Nos últimos anos estações de televisão nacionais têm realizado emissões em direto com programas itinerantes que "visitam" cidades e vilas portuguesas e colocam em cena o repertório local de tradições, artesanato, gastronomia, numa retórica que celebra diversidade regional e orgulho nacional. São uma montra informal do que hoje se entende por PCI. Pretende‐se fazer a etnografia desta produção televisiva itinerante como ponto de partida para a) identificar formas de apropriação da categoria PCI em processos rudimentares de  objetificação cultural; b) analisar estratégias particulares de interacção entre cultura popular e cultura de massas, do ponto de vista da produção da visibilidade e da mediatização das identidades locais; c) perceber como se articulam o político (autarquias), o mercado (produtoras de televisão e empresas) e o social (comunidades locais) na produção de discursos e imagens sobre património e identidades; d) questionar modelos de inscrição das imagens patrimoniais em contextos mediáticos globalizados como forma de tornar a cultura um recurso económico competitivo. Espero assim contribuir para a compreensão de um contexto pouco explorado na literatura sobre PCI até agora.

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