Abstract
A partir de uma perspetiva transversal, que cruza os saberes da antropologia, dos estudos de design e dos estudos de arte e dos estudos de design, pretende-se estudar a exibição, a venda, a compra e a apropriação de exemplares de cultura material portuguesa em Paris.
O papel que as coisas assumem na construção das identidades associa-se aqui a dinâmicas de etnicização e de patrimonialização que ocorrem num contexto complexo de mobilidades europeias transnacionais. Estas dinâmicas acontecem num quadro sociológico de pertença, frequentemente recente, dos diferentes intervenientes a uma classe média com estilos de vida com referências globais.
O projeto pretende interrogar a dinâmica complexa das relações entre as pessoas e as coisas, onde coexistem: 1) a construção de sentidos etnicizados e patrimonializados aquando da feitura dos objetos e das obras de arte; 2) a afirmação e a resignificação desses primeiros sentidos enquanto os objetos vivem, num quadro de empreendorismo étnico, as suas condições de mercadoria; 3) a apropriação desses objetos e dos seus sentidos e 4) as ressignificações posteriores, que acontecem durante as vidas sociais dos objetos junto dos seus proprietários.
Propomo-nos sustentar a hipótese segundo a qual: 1) em contextos de mobilidade transnacional, a cultura material, também ela móvel, é parte integrante das negociações identitárias; 2) os processos de patrimonialização e de etnicisação da cultura material ocorrem nas várias etapas da vida social das coisas.
Equipa
Maria Inês Ruivo (CHAIA)
Maria Luísa Soares de Oliveira (IHA)
Sara Martins
Sónia Ferreira