Abstract

Durante uma parte considerável do século XX, houve uma crença generalizada de que as práticas, os saberes e os objetos locais ou tradicionais iriam desaparecer devido à expansão da globalização. Porém, o que pode ser conceptualizado como património vernacular - técnicas e competências artesanais tradicionais, tradições orais, práticas sociais indígenas, etc., e as materialidades que lhes estão associadas - não só não desapareceu como está a tornar-se cada vez mais relevante para as sociedades contemporâneas. Apesar do interesse em investigar, documentar e preservar estas práticas, falta ainda uma reflexão profunda sobre a diversidade e a eficácia das diferentes estratégias de preservação e continuidade, consequências para os praticantes e seus impactos no presente e no futuro. Esta investigação aborda alguns destes temas, analisando as formas como os patrimónios vernaculares estão a ser preservados, interpretados e ativados nas sociedades contemporâneas. Mais especificamente, esta investigação centra-se nos contributos de atores e projetos individuais - de artesãos, artistas e designers - nos processos de ativação dos patrimónios vernaculares. Através de uma abordagem etnográfica centrada em estudos de caso, procuram-se modelos orgânicos que extravasem o conceito de preservação na sua conceção legal, burocratizada e limitadora, procurando-se outras formas de continuidade e sustentabilidade das práticas vernaculares.