Disponível online em acesso aberto em https://books.openedition.org/etnograficapress/8762
A vida no guichê é o trabalho cotidiano da administração; um universo feito aparentemente de rotina e anonimato, mas cujo equilíbrio é precário e cujos protagonistas não podem nunca ser reduzidos aos papéis padronizados que a instituição espera que eles adotem. A vida no guichê é também feita de identidades que se recompõem, de vidas singulares que se contam e as quais, de uma certa maneira, são determinadas no secreto de uma cabine de atendimento de um órgão administrativo.
“A Vida no Guichê: Administrar a Miséria”, de Vincent Dubois, finalmente traduzida para a língua portuguesa, assume o caráter de um divisor de águas, apontando caminhos para a análise crítica das interações que dão concretude à implementação de políticas públicas e chamando atenção para suas interfaces com processos mais amplos de reprodução de desigualdades e da dominação das classes subalternas.” (G. Lotta e R. Pires)
“Pelo que representa em matéria de produção de um ponto de vista científico-social inovador sobre os encontros que se estabelecem entre agentes sociais e instituições, pelo que transmite sobre o modo de construir um tal ponto de vista em termos teóricos e metodológicos, A Vida no Guichê: Administrar a Miséria tem, agora, condições renovadas e atualizadas para continuar a atrair a atenção da comunidade científica lusófona e para inspirar o apuramento da respetiva razão sociológica.” (M. Cunha e V. B. Pereira)
Índice
Agradecimentos
Sociologia do guichê: um olhar a partir do Brasil
Roberto Pires e Gabriela Lotta
Etnografia do estado social: um olhar a partir de Portugal
Manuela Ivone Cunha e Virgílio Borges Pereira
Introdução
Parte I
As condições sociais da relação administrativa
Capítulo 1 – O público
Capítulo 2 – A organização do encontro cara a cara
Capítulo 3 – Uma relação desigual
Capítulo 4 – Trocas administrativas e trocas normativas
Parte II
Os dois corpos do atendente
Capítulo 5 – O cargo e o papel do agente do guichê
Capítulo 6 – Como alguém se torna agente de atendimento
Capítulo 7 – As pessoas no guichê
Capítulo 8 – A exposição à miséria
Capítulo 9 – A gestão das distâncias sociais
Capítulo 10 – A partição do atendente
Parte III
A ordem institucional em questão
Capítulo 11 – As falhas do sistema
Capítulo 12 – Adaptar-se à instituição
Capítulo 13 – O retorno do indivíduo repelido
Capítulo 14 – Adaptar a instituição
Conclusão
Posfácio: o fim do guichê?
Anexo 1 – Descrições biográficas dos agentes de atendimento
Anexo 2 – Lista das principais siglas utilizadas
Bibliografia