Sessão #2 | Aurora Negra, além do palco. Reflexão sobre racismo quotidiano e criação artística e científica enquanto mulheres negras em Portugal
Oradoras
Mélanie-Evely Pétrémont (investigadora visitante no CRIA-Iscte)
Cleo Tavares, Nadia Yracema, Isabél Zuaa (diretoras artísticas do espetáculo Aurora Negra)
Moderador
Miguel Vale de Almeida (CRIA-Iscte)
Apresentação
Esta apresentação propõe abrir um espaço de discussão sobre racismo, feminismo negro e resistância nas artes baseado na criação do espetáculo teatral Aurora Negra, apresentado em Portugal em 2020. A Cleo Tavares, Isabél Zuaa e Naná Yracema falarão enquanto diretoras artísticas e intérpretes do espetáculo, e a Mélanie-Evely Pétrémont enquanto investigadora e apoiante à pesquisa. Juntas e em primeira pessoa, iremos explorar a jornada que foi esse trabalho colaborativo, questionando as co-influencias entre experiência vivida do racismo quotidiano e de género (Essed 1991) e criação de novas narrativas e conhnecimentos feministas negros (Hill Collins 2008). Assim, iremos interrogar os campos teatral e acadêmico como espaços de produção incorporada de narrativas pós-coloniais (Noxolo 2009) e de resistência para habitar e dar-lhes novos significados enquanto mulheres negras.
Com o Seminário “Racismo em Portugal” o CRIA pretende debater o racismo no contexto português, interrogando a produção e negociação de categorias identitárias, de processos de racialização e de construção de narrativas sobre a nação e o império. Assim como a construção do “Outro”, o racismo institucional e estrutural da sociedade portuguesa e suas ações discriminatórias.
Pretende igualmente promover a criação de espaços de discussão e de interpelação sobre a produção e implementação de políticas públicas que incidam sobre a questão do racismo ea conceptualizem de forma intersecional, articuladas com formas de desigualdade social e de género, entre outras. E refletir sobre as narrativas que menosprezam o papel de Portugal quer no tráfico de pessoas escravizadas, quer no racismo estrutural do projeto colonial; no modo como as continuidades desta opressão e discriminação históricas perduram na sociedade contemporânea, e se manifestam de uma forma institucionalizada, trazendo à discussão a atemporalidade do racismo quotidiano, como sugeria Grada Kilomba.
O Seminário promoverá debates alargados e transversais, cruzando as discussões que remetem para temáticas como educação e práticas pedagógicas, a devolução de património musealizado, práticas racistas perpetuadas por agentes do Estado, conteúdos curriculares na área do ensino ou a representatividade em órgãos de gestão do Estado.
* devido à actual situação pandémica, as primeiras sessões do Seminário decorrerão em formato webinar.
** Para aceder à transmissão Zoom, preencha o formulário de inscrição AQUI.
*** Será feito o livestreaming no Canal de Antropologia do CRIA no YouTube.