A Índia constitui na contemporaneidade uma referência central da moda cosmopolita europeia. O consumo das suas referências culturais é um fenómeno evidente da sociedade portuguesa, tal como noutros contextos europeus, que se expressa na procura crescente de produtos como o cinema, a literatura, a cozinha, o vestuário e os adereços, por uma secção da população, que encontra cada vez mais disponível no mercado nacional produtos culturais que integram aquilo que alguns autores designam como Indo-chic. A circulação e consumo destes produtos podem ser entendidos como um novo orientalismo que reformula as antigas representações que, desde o romantismo alemão, exotizaram a Índia e as suas referências culturais – e cuja natureza tentarei avaliar. Através da análise dos usos sociais da cultura e do seu impacto na sociedade de consumo, pretendo compreender, através da observação etnográfica, o fenómeno da apropriação de elementos culturais de matriz indiana num domínio específico da cidade de Lisboa.